Japanese Bug é uma rede de compartilhamento aberta. Agrega artistas, professores, estudantes, curadores, jornalistas, viajantes e fãs da cultura japonesa.
De acordo com o crítico de cinema Donald Richie (1924-2013), algumas pessoas são picadas por um inseto imaginário e se apaixonam perdidamente pelo Japão.
Aqui elas podem se encontrar.
Japanese Bug é uma rede de compartilhamento aberta. Agrega artistas, professores, estudantes, curadores, jornalistas, viajantes e fãs da cultura japonesa.
De acordo com o crítico de cinema Donald Richie (1924-2013), algumas pessoas são picadas por um inseto imaginário e se apaixonam perdidamente pelo Japão.
Aqui elas podem se encontrar.
Japanese Bug é uma rede de compartilhamento que agrega artistas, pesquisadores, professores, curadores, produtores culturais e interessados em estudar arte, mídias, cultura e microativismos sem se restringir exclusivamente aos parâmetros considerados "ocidentais".
Contamos com um grupo sediado no Centro de Estudos Orientais do Programa de Comunicação e Semiótica da PUC-SP, onde desenvolvemos projetos de pesquisa-criação, pedagógicos e de curadoria.
Algumas publicações estão disponibilizadas aqui no site, assim como, a documentação de experiências que exploram a multiplicidade e o atravessamento de linguagens/imagens/movimentos.






UM POUCO DA HISTÓRIA
Eu comecei a estudar a cultura japonesa em 1983, incentivada pelo poeta, tradutor e professor Haroldo de Campos. O interesse por culturas asiáticas já fazia parte da minha vida por conta da origem eurasiana de meu pai, mas foi Haroldo quem me apresentou a experiência do coreógrafo Michio Ito com o dramaturgo William Butler Yeats, que inspirou a minha dissertação de mestrado sobre o impacto do teatro nō no Ocidente.
No começo da década de 1980, tive o privilégio de frequentar o curso de Haroldo acerca do livro Ideograma, Lógica, Poesia, Linguagem (1977). A partir deste momento, fiquei irremediavelmente fascinada com a potência das traduções culturais. Haroldo costumava dizer que todo
tradutor é um “transcriador”.


Durante evento na Fundação Japão de São Paulo, fiz a mediação de palestras com Haroldo (à esquerda) e Koellreutter (à direita)
Ainda durante o mestrado, também fui aluna de Décio Pignatari e Hans Joachim Koellreutter. No início dos anos 1980, Pignatari ainda trabalhava algumas questões que havia proposto em sua tese de doutorado, ampliada na segunda edição do livro Semiótica e Literatura, icônico e verbal, oriente e ocidente (1979), onde buscou relações com a cultura japonesa. Koellreutter, por sua vez, trocou correspondências com o professor Satoshi Tanaka, publicando Estética, à procura de um mundo “vis-a-vis”(reflexões estéticas em torno das artes oriental e ocidental), em 1983. Neste pequeno manuscrito, os autores compartilhavam modos de compreender a estética e a arte, no Oriente e no Ocidente, chamando a atenção para o aspecto ambíguo, assimétrico, descontínuo e inacabado da estética tradicional japonesa.
Para todos esses professores, o Japão era um país de escrituras, repleto de signos e fantasmas. Uma espécie de dispositivo para criar poéticas da brevidade, tendo como ponto de partida um certo modo de fabular o Japão.
Na PUC-SP, o Centro de Estudos Orientais foi criado em 1998 em uma reunião na casa de Haroldo. Lá assinamos a ata de criação, eu, Haroldo, Lucia Nagib, José Luiz Martinez e Yun Jung Im. Haroldo e José Luiz faleceram prematuramente. Lucia é professora na Inglaterra na Universidade Reading onde dirige o Centre for Film Aesthetics and Cultures e Yun coordena o curso de coreano da Universidade de São Paulo. Foi no prefácio ao livro do inesquecível Donald Richie, Retratos japoneses, que Lucia mencionou o japanese bug, um inseto imaginário que intoxicaria pessoas tornando-as irremediavelmente apaixonadas pelo Japão.
Foi o que aconteceu comigo. Eu sigo na PUC-SP, na coordenação do Centro de Estudos Orientais que continua muito atuante e cada vez mais aberto a outras redes culturais, buscando interlocuções com a China, a Índia, a Coreia, culturas ameríndias e africanas.